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terça-feira, 31 de maio de 2011

Bolso em ordem, carreira em alta

Ser organizado e manter as contas em dia em casa abre oportunidades profissionais em áreas que exigem essa habilidade

Publicado em 31/05/2011 | JOÃO PEDRO SCHONARTH

Saber lidar com os orçamentos mensais, cortar gastos e viver diminuindo custos fixos já são qualidades que deixam a vida mais fácil. Mas a organização financeira em casa também pode ser um passaporte para a ascensão na carreira – seja na disputa por cargos em que é necessário o controle das finanças, seja na hora de ser lembrado por amigos na indicação por postos em áreas administrativas das empresas.
Walter Alves/ Gazeta do Povo / A vigilância com os gastos em casa rendeu a Silvia um emprego para cuidar das finanças de um site

A instrutora de segurança patrimonial Silvia Ferreira Netto trabalha em uma escola de vigilantes, mas agora também cuida das finanças de um portal de negociação instantânea, o Link Aberto – tudo isso por ser organizada com as contas de casa. “A empresa é nova e eles precisavam de alguém que entendesse desta área. Um amigo meu se lembrou de mim e eu fui indicada para o trabalho. Ele sabia que cuido das contas de casa, que sei de cor e salteado o orçamento da minha família, e por isso achou que eu poderia ser a pessoa certa para o cargo”, afirma Silvia.
Ela conta que aprendeu a cuidar do orçamento familiar depois de ser secretária de um consultor financeiro. Após esta experiência, sua relação com o dinheiro mudou. “Coloco todas as minhas contas em planilhas, sei o que devemos cortar, o quanto de dinheiro podemos gastar e o quanto vai sobrar no mês. O que tenho sempre em mente é que temos de diminuir os custos fixos. Não sou ‘gastadeira’, tenho medo de dívidas”, revela.
Na casa de Silvia moram quatro pessoas: ela, o marido e os filhos. Nada do que é gasto no mês escapa do controle financeiro. “Meu carro e minha casa estão quitadas, não há nada melhor que pagar a última prestação das parcelas. Já me prejudicou ser tão mandona, por regular as despesas de casa. Mas graças a isso podemos respirar aliviados por saber que não devemos nada”, ressalta.
O especialista em finanças pessoais Altemir Farinhas afirma que os chefes estão sempre atentos em como os seus funcionários lidam com o dinheiro e, por essa razão, muitas empresas têm investido em aperfeiçoar a educação financeira de seus colaboradores. “Se a pessoa não é organizada em casa, isso vai se refletir no trabalho. Agora, se ela tiver uma vida financeira equilibrada, ela está sendo observada. Às vezes ela pode ganhar menos do que outras pessoas, mas se no trabalho comentam que ela sempre está bem financeiramente, ela pode ser aproveitada para trabalhar na área de cortes de gastos, por exemplo. No fim, pode até render uma promoção”, salienta Farinhas. “A empresa sempre nota se os funcionários estão satisfeitos com o salário, mas isso não significa ganhar muito: significa que a pessoa tem controle sobre seu dinheiro, gastando menos do que ganha”, descreve.
Mario Almeida, diretor da consultoria de educação financeira Axiom Educacional, ressalta que as empresas estão bastante interessadas em que seus funcionários sejam melhor organizados com as finanças, já que isso pode trazer ganhos de produtividade. “Há pesquisas que mostram que uma pessoa bem organizada produz mais porque não tem a preocupação com as contas. Além disso, ter cuidado com as finanças pode refletir na empresa, porque um sujeito organizado em casa o será também no trabalho”, afirma.
Mulheres já se planejam mais
O mito de que as mulheres gastam mais do que os homens está caindo por terra, segundo especialistas. A própria Silvia é um exemplo de que é possível consumir conscientemente, bastando apenas organização. “As compras, de modo geral, não me atraem. Eu tenho o pé firme e sou muito focada: só compro o que preciso comprar”, revela a instrutora.
De acordo com Altemir Farinhas, as mulheres têm planejado melhor as contas por conhecer bem as necessidades da família. “As mulheres que comandam as famílias sempre estão fazendo compras, mas, como detêm as contas do lar, sabem os gastos com mercado e escola, e acabam assumindo o planejamento familiar. Aliás, há em famílias homens alienados que pensam muito em trocar de carro o tempo todo e precisam muito da esposa, que se torna o freio de mão da relação”, salienta.
Farinhas conta que em seu site, Equilíbrio Financeiro (www.equilibriofinanceiro.com.br), é possível baixar, gratuitamente, planilhas que ajudam no controle das finanças. Quem possui um iPhone tem à disposição o aplicativo “Finanças Iradas”, ferramenta recém-lançada pela Editora Saraiva que ajuda na administração das finanças pessoais e ensina a realizar aplicações na Bolsa de Valores. “Esta é uma ferramenta que ajuda a visualizar os gastos e planejar as contas de acordo com os objetivos de cada um. O aplicativo aponta ainda como é possível economizar e fazer com que o dinheiro renda mais”, explica a editora Rita de Cássia dos Santos.
O aplicativo também tem um jogo inédito para quem deseja conhecer e entender melhor o mercado de ações, mostrando cenários e informações reais do mercado financeiro, quase em tempo real. Para participar do jogo, é preciso ter um iPhone 3GS ou 4, ou ainda, iPods touch 2.ª, 3.ª ou 4.ª gerações. O aplicativo já está à venda na Apple Store por US$ 3,99 (R$ 6,40). “O aplicativo usou como base a coleção Meninas Iradas, que dá dicas para as mulheres que querem cortar gastos e controlar custos fixos, assim como se planejar com as compras e ter uma relação melhor com o cartão de crédito”, afirma a editora.



Avaliação
Teste mostra se pessoa é organizada
O especialista em finanças pessoais Altemir Farinhas propõe dois testes para ver se a pessoa é organizada financeiramente ou precisa reavaliar suas contas. O primeiro é pegar uma nota de R$ 50, anotar a numeração e guardar na carteira. “A intenção é ficar dois meses com a mesma nota na carteira e resistir à tentação de gastá-la. Se a pessoa não tiver controle, talvez a nota não dure até o fim do primeiro mês”, explica.
O outro teste é fazer a compra do mês no supermercado pagando com notas de R$ 10, e depois relatar a sensação. “Uma compra de R$ 300 paga em notas de R$ 10 é um sofrimento, porque enquanto se vai tirando as notas, o sentimento é de dor. Com isso, a pessoa passa a dar mais valor ao dinheiro”, ensina Farinhas. (JPS)


Fonte:http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=1131638&tit=Bolso-em-ordem-carreira-em-alta

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