Após morte de dois brasileiros atingidos por pistola Taser, aumentou a polêmica sobre o uso de armas consideradas não letais. Propostas em análise na Câmara revelam a falta de consenso de deputados sobre o tema.
Deputados da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e da Comissão de Seguridade Social e Família querem entender melhor os efeitos das armas de choque, como a pistola Taser, no corpo humano para decidir a forma mais adequada de regulamentar o uso do dispositivo. As duas comissões aprovaram nesta semana requerimentos para ouvir, em conjunto, representantes do governo e das empresas fabricantes do armamento
O uso de arma Taser por profissionais de segurança pública tem sido gerado mais polêmica desde que o brasileiro Roberto Laudísio Curti, de 21 anos, morreu na Austrália, em 18 de março, após ser atingido por uma pistola paralisante disparada por policiais. Uma semana depois, um caso semelhante ocorreu em Florianópolis (SC), levando à morte de Carlos Barbosa Meldola, de 33 anos.
Autor do pedido de audiência pública, pela Comissão de Segurança Pública, o deputado João Campos (PSDB-GO) ressalta que o uso desse tipo de arma é recente no Brasil e que é preciso reduzir os riscos do uso inadequado. “As polícias que estão usando essas armas estão treinadas para isso, mas é uma experiência nova”, destaca deputado Roberto de Lucena (PV-SP), que solicitou o debate pela Comissão de Seguridade Social, diz que o tema precisa ser discutido na Câmara, já que, apesar da baixa letalidade, os choques sequenciais ou prolongados provocados pela arma podem causar danos à saúde e até a morte.
Quando a Taser é ativada, um sistema de ar comprimido dispara dois ganchos com eletrodos, que entram na pele do alvo e fecham uma corrente elétrica. O impulso paralisa temporariamente os movimentos da pessoa. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alerta, no entanto, que apenas pouco mais da metade dos estudos científicos sobre armas de eletrochoque concluíram que o equipamento é seguro.
O presidente da Sociedade de Cardiologia do Distrito Federal, Renault de Matos, explica que a letalidade do dispositivo está ligada, entre outros fatores, ao ponto do corpo atingido pelos eletrodos. “Se você coloca esse Taser no tórax, onde está o coração, essa eletricidade pode conduzir mais rapidamente e causar prejuízos, até morte súbita. Não são apenas pessoas que têm problema de coração ou de saúde que vão ser prejudicadas”, explica.
A data da audiência ainda não foi divulgada.
Fonte: Agência Câmera de Notícias
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