Esta reportagem trás um fato que é muito mais comum do que se imagina, postura e atitude inadequadas de seguranças de locais com grande fluxo de pessoas, que causam problemas não só para a vítima do "constrangimento" como para o próprio profissional e para empresa.
Como sempre digo em sala de aula aos meus alunos, é preciso ter muita sensibilidade, empatia e bom senso, antes de tomar qualquer atitude contra um suspeito.
Silvia Ferreira Netto
Silvia Ferreira Netto
Matéria extraída do site: http://www.midiamax.com que serve de alerta para os profissionais da área:
Por Eliane Souza
"O caso do espancamento do vigilante Márcio Antônio de Souza, 33 anos, no interior das Lojas Americanas em Campo Grande, no último dia 23, não é um fato isolado. Na tarde desta quarta-feira veio ao conhecimento da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-MS que em novembro do ano passado dois jovens doentes mentais apanharam por conta de um CD de música infantil, na unidade 2 da empresa que fica na Rua 14 de julho, em frente à praça Ary Coelho.
A reportagem obteve informações indicando que em novembro do ano passado os alunos M.S e J.L., que são de uma entidade que atendende deficientes portadores de deficiência mental foram levados para um cômodo depois de serem flagrados com um CD da cantora Xuxa.
Eles foram abordados e apanharam dos seguranças da loja. Um dos meninos relatou depois que pela condição física não pode obedecer a ordem de se ajoelhar e por conta disto um dos seguranças deu uma joelhada em um dos seus olhos.
Os dois meninos realmente estavam em poder do CD, mas por conta de sua condição mental acharam que podiam pegá-lo, levar pra casa para ouvir e depois devolver pra loja.
Segundo relato de um deles, os garotos com dificuldade na fala ainda tentaram aurgumentar que não eram ladrões e que estudavam na entidade, inclusive estavam uniformizados. O outro ainda teria dito “eu não bato bem”, na tentativa da surra parar. Porém, os seguranças só pararam depois que os dois começaram a chorar.
Um dos seguranças deu como ordem para que nunca mais voltassem na loja. Uma funcionária da entidade que prefere não se identificar, disse que os dois meninos ficaram traumatizados e não querem nem passar nas proximidades da Lojas Americanas, unidade onde aconteceu o episódio.
“Um deles não anda de ônibus como fazia antes. O avô paga uma van para ele. O outro, como não tem condições, continua utilizando o transporte coletivo, mas está sempre com medo de aglomerações”.
Possivelmente a entidade vai pedir para que a Comissão dos Direitos Humanos da OAB-MS acompanhe o caso da agressão contra os dois deficientes mentais.
A presidente da comissão, a advogada Kelly Garcia ressalta que mesmo que os meninos, na inocência de sua deficiência, tenham pegado o CD os seguranças não podiam ter praticado a agressão.
Primeiro porque eles não possuem uma total condição de discernimento, depois porque todos estes alunos carregam na carteira contato de familiares para serem acionados em casos desta ou outra necessidade e também porque mesmo que não tivessem esta limitação não poderiam sofrer agressões.
“Ninguém pode agredir uma pessoa mesmo que com culpa. Nem polícia pode fazer isto”, ressalta.
Agressão na Loja I
Márcio Souza, agredido no dia 23, na unidade I das Americanas que fica entre as Ruas Dom Aquino e Marechal Rondon, também procurou a Comissão dos Direitos Humanos da OAB, nesta quarta-feira a tarde.
Acompanhado do irmão Gilson Fernandes, o vigilante disse que contratou uma advogada nesta manhã para acompanhar seu caso. Outra iniciativa foi levar a nota fiscal dos ovos de páscoa que ele comprou em um supermercado atacadista, e que motivaram a desconfiança do seguranças e então foi levado para um cômodo e depois agredido.
Falando com dificuldades e respirando pela boca, já que seu nariz está quebrado em três partes, Márcio disse que não consegue dormir direito e por várias vezes acorda com a sensação de que está apanhando do segurança da loja.
“Estou com um sentimento de tristeza, angústia e me sentindo humilhado. Fico imaginando como está a minha filha que chegou a me ver todo machucado, ensanguentado”, revela.
Márcio conta que pediu para uma amiga comprar dois ovos de páscoa em seu cartão de crédito porque, no momento, estava sem dinheiro.
No dia 23 ele combinou de esperar a filha de 11 na frente da loja, na Rua Dom Aquino. Ela foi com a ex-mulher dele. Feita a entrega do presente de páscoa, a vítima entrou na loja para pegar sua motocicleta que estava no outro lado, na Rua Marechal Rondon.
Quando passava pelo túnel ornamentado com ovos de chocolate foi abordado por segurança do estabelecimento.
Márcio carregava um ovo dentro do capecete, segundo ele o mesmo comprado junto com o de sua filha. Com a suspeita do vigilante, foi levado para um cômodo e lá agredido, conforme seu relato.
“Minha ex-mulher e minha filha só ficaram sabendo o que houve quando saí da sala todo machucado. Minha filha entrou em desespero. Ainda cheguei a desmaiar antes de ser socorrido”, lembra.
Na tarde desta quarta Márcio e o irmão Gilson foram até o 1º DP onde é investigado o caso para prestar esclarecimento sobre a nota da compras dos ovos, que foram adquiridos dois dias antes do episódio.
O problema, segundo Márcio, é que o vigilante da loja subtraiu o ovo que estava em poder da vítima e até agora não foi devolvido. O fato foi comunicado à autoridade policial."
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